A versão original deste artigo está em Point Banque (em francês).
Em um momento em que as instituições Fintech e os modelos de open banking estão transformando o setor, os bancos estão ficando para trás, desacelerados pelo peso de seu legado. Existe uma solução para ajudá-los a se recuperar: API-zação.
Para acompanhar as transformações na forma como os produtos financeiros são consumidos, os bancos devem ser capazes de fornecer serviços digitais de ponta no mesmo ritmo que a demanda evolui. Neobancos (que operam exclusivamente on-line) e aplicativos online de rápido crescimento aumentam a demanda do cliente, oferecendo serviços poderosos e totalmente centrados no consumidor. A forma como operam estimula a inovação e seus requisitos de entrada flexíveis os transformaram em concorrentes sérios para os bancos tradicionais. Combinado com o sucesso das Fintechs e as novas diretivas de concorrência da EU (Política da União Europeia), há poucas dúvidas de que os modelos históricos da indústria estão sendo desafiados.
Os clientes ainda valorizam o relacionamento com seus assessores e filiais físicas, mas quanto tempo isso vai durar? Nesse mercado em rápida mudança, os bancos tradicionais enfrentam um desafio: seus sistemas e legados, ou seja, o conjunto de sistemas bancários básicos que são essenciais para seu funcionamento adequado, porém muitas vezes estão desatualizados.
Os principais bancos americanos, por exemplo, executam suas operações bancárias em plataformas que surgiram nas décadas de 1980 e 1990. Desenvolvidos internamente ou customizados a tal ponto que não se parecem mais com o produto original, esses sistemas de software pesados exigem manutenção complexa e demorada, minando a resiliência dessas instituições. Os desafios incluem a migração de aplicativos e dados para a nuvem, atualizações lentas e o custo de desenvolvimento de novos produtos.
A dependência dos bancos nesses sistemas bancários centrais é uma desvantagem considerável, e desmontá-los é caro e demorado. Historicamente, a substituição desses sistemas exigia vários anos de esforço e um compromisso financeiro significativo, sem retorno imediato desse investimento. Também existe o risco operacional, pois a transformação dessas ferramentas é complexa e pode atrapalhar as operações do dia a dia.
Modernizando sistemas ‘core’ com APIs
Como os bancos podem se adaptar às mudanças na sociedade levando em consideração a importância do legado? A solução está no uso de APIs, ou interfaces de programação de aplicativos. APIs permitem um modelo híbrido em vez de uma substituição completa de sistemas legados e permitem uma estratégia aberta. APIs também oferecem uma variedade de funcionalidades: gestão de finanças pessoais, multibanco, empréstimos digitais, transformação de protocolo, análise, MBaaS, etc.
Os bancos geralmente operam em um sistema fechado: eles são os criadores, produtores e distribuidores de seus produtos. Abrir seus sistemas de informação e compartilhar seus dados de clientes permitiria que fornecedores terceirizados trabalhassem em soluções inovadoras para integrar novos aplicativos aos sistemas centrais dos bancos. Em vez de depender de uma equipe de desenvolvedores internos, alguns parceiros e aplicativos privados para inovação, este mercado colaborativo permite que desenvolvedores terceirizados criem APIs abertos, que o banco pode usar para ser mais flexível.
Muitos bancos atualmente lutam para mover dados entre seus vários sistemas: eles operam em silos, com cada sistema correspondendo a um serviço bancário específico. A API-zação desbloqueia esse acesso a dados e serviços para uso por clientes internos e externos, ao mesmo tempo que atende aos requisitos de segurança e administração.
Com APIs, os bancos podem digitalizar a experiência do cliente sem o investimento pesado ou a implementação lenta de mudanças. Ao mesmo tempo, eles integram um ecossistema mais amplo de parceiros usando uma abordagem progressiva e ágil. Como resultado, eles podem adaptar e customizar suas ofertas de serviços para se adaptarem rapidamente às demandas do mercado, assim como os NeoBancos. Seguindo nesta tendência, a Sopra Banking oferece acesso a mais de 3.400 instituições financeiras em toda a Europa e uma rede de vários fornecedores terceiros.
Além de maior eficiência e economia de tempo, esta é uma oportunidade única para bancos e Fintechs colaborarem em um mercado onde os sistemas tradicionais podem e devem ser modernizados. A inovação é simplificada e o tempo e os custos são reduzidos. O resultado é uma experiência do consumidor mais personalizada, que acompanha o mercado em evolução e as ofertas digitais buscadas pelos clientes hoje.